A bainha do machado de Fribrødre Å, Dinamarca

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Traduzido por Luiz Octavio fundador do grupo Ulf Viking Combat.


A exibição permanente no museu de Moesgård, Dinamarca, incluiu uma exibição incomum desde 2017, a qual foi percebida por muitos recriacionistas – a bainha de machado até então desconhecida. Normalmente não há muitas, menos de trinta, achados orgânicos deste tipo datados do início da idade média Europeia. Desde quando um fã do projeto, a qual não deseja ser mencionado, me proveu com uma série de fotos de muitos ângulos, eu decidi criar um artigo separado e tornar esta bainha conhecida.

Bainha de madeira de Fribrødre Å.
Tirada de Skamby Madsen – Klassen 2010: Fig. 177.


Introdução

Em 1982, as escavações arqueológicas de Fribrødre Å, Falster, na Dinamarca começaram, e trouxeram resultados extremamente interessantes. No sítio, o qual estava ativo nos anos 1050-1105, havia um estaleiro, o que é evidenciado por inúmeros achados de peças de navios feitas de madeira e metal. Um dos achados, que não é de natureza marítima, mas que talvez tenha ligação com construção de navio, é a bainha para uma longa lâmina, provavelmente um machado. A bainha até agora foi publicada uma vez, no livro Fribrødre Å: A Late 11th Century Ship-handling Site on Falster (Skamby Madsen- Klassen 2010: 272-3, 458).

A bainha pertence à coleção do museu nacional em Copenhagen e tem seu número de inventário D293/1982. Na única publicação atual tem o número de catálogo SA 1. A bainha foi emprestada para exposição no museu em Moesgård por um longo tempo. 

A posição de Fribrødre Å no mapa da Europa.


Descrição


A bainha, que é feita de madeira de evónimo, tem um comprimento total de 21.5 cm, grossura máxima de 1.5 cm e uma altura de 2.2 cm. É levemente curvada, copiando a curvatura da longa lâmina. A seção transversal é ovoide, com bordas arredondadas. No meio da parte interna, há uma fenda de 0.5 a 1 cm de largura, com 1 cm de profundidade. De um lado, a bainha alcança o final da bainha, do outro lado há um acréscimo de 1.8 cm de tamanho. Ambas as extremidades estão quebradas intencionalmente, ao que se aparenta e não representam as extremidades originais da bainha. Um dos lados da bainha está parcialmente quebrado. 

A lâmina para a qual a bainha foi intencionada está levemente curvada e tem um comprimento mínimo de 19.7 cm. O machado é o provável candidato, e não é impossível que fosse um machado para trabalhar com madeira. Deve ser mencionado que no museu de Moesgård, a bainha está à mostra com um machado, o qual, no caso, não vem do mesmo local – é um achado da fortaleza de Teterow (Berlekamp et al. 1979: Taf. 45/77; Waurick – Böhme 1992: 96).

Todas as fotos do museu em Moesgård podem ser baixadas ao clicar no botão abaixo:

Seleção de fotos da exposição do museu Moesgård.


Analogias


No momento, nós sabemos um total de pelo menos 24 bainhas orgânicas e 3 de metal para machados e objetos semelhantes da europa dos séculos 9 ao 12. Pedaços orgânicos vem de Dublin (Lang 1988: 43, Fig. 3, 81), Haithabu (Westphal 2007: Taf. 30-1), Sigtuna (Floderus 1941: 102; Kitzler Åhfeldt 2011), Schleswig (Saggau 2006: 264), Novgorod (Kainov – Singh 2016), Voll  e Horstad (Vlasatý 2017), podem ser lidos no artigo Bainhas organicas para machado do século 9-12. Os materiais usados são madeira de amieiro, faia, bétula, zimbro, carvalho, pinheiro, abeto, teixo, salgueiro e chifre de alce. Bainhas são geralmente decoradas e tinham métodos diferentes de fixação. O comprimento típico das fendas (79-120 mm) indicam que a bainha pertence a machados com curtas (até 100 mm) ou semi longas (101-140 mm) bordas, mas uma das bainhas é para uma lâmina de 23.5 cm. As bainhas de Fribrødre Å se encaixam no tipo 1 (Westphal 2007: Taf. 30) e o paralelo mais próximo ao tamanho é a longa bainha de Schleswig (Saggau 2006: 264).

Bainha de metal são conhecidas da Grande Morávia e Antiga Rus e são discutidos em um artigo separado Bainhas de metal para machado.

sheath suspension axes

Variantes sugeridas para suspensão de bainha de madeira.


Aqui terminamos o artigo. Obrigado pelo seu tempo e esperamos por qualquer retorno. Se você quer aprender mais e apoiar meu trabalho, por favor, veja meu projeto no Patreon ou Paypal.


Bibliografia

Berlekamp, Hansdieter et al. (1979). Corpus archäologischer Quellen zur Frühgeschichte auf dem Gebiet der Deutschen Demokratischen Republik. 2. Lieferung: Bezirke Rostock (Ostteil), Neubrandenburg.

Floderus, Erik (1941). Sigtuna: Sveriges äldsta medeltidsstad, Stockholm.

Kainov – Singh 2016 = Каинов, С. Ю. – Сингх, В. К. (2016). Деревянный чехол топора с Троицкого раскопа // Новгород и Новгородская земля. Вып. 30, 196–203.

Kitzler Åhfeldt, Laila (2011). Några träfynd i Sigtuna under runstenstid. In: Situne Dei 2011, 49–60.

Lang, J. T. (1988). Viking-Age Decorated Wood, Dublin.

Saggau, H. E. (2006). Gehauene und geschnitzte Holzfunde aus dem mittelalterlichen Schleswig. In: Holzfunde aus dem mittelalterlichen Schleswig (Ausgrabungen in Schleswig. Berichte und Studien 17), Neumünster, 199–304.

Skamby Madsen, Jan – Klassen, Lutz (2010). Fribrødre Å: A Late 11th Century Ship-handling Site on Falster, Højbjerg.

Vlasatý, Tomáš (2017). The man from Voll. In: Project Forlǫg – Reenactment and science [online]. [2022-03-21]. Disponível em: https://sagy.vikingove.cz/en/the-man-from-voll/.

Waurick, Götz – Böhme, H. W. (1992). Das Reich der Salier, 1024-1125. Katalog zur Ausstellung des Landes Rheinland-Pfalz, Sigmaringen.

Westphal, Florian (2007). Die Holzfunde von Haithabu, (Die Ausgrabungen in Haithabu 11), Neumünster.

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